Quando criança, Joãozinho sempre teve problemas para compreender
o mundo que o cercava. Não entendia porque não conseguia se enturmar com
seus coleguinhas. Por que sua professora se preocupava tanto com números e
nomes. Não
entendia porque sua vida era aquela que ele nem pode escolher. Sem perceber de onde
surgiu, apareceu um amigo imaginário. O pequeno João o chamava de Arthur.
Quando a noite chegava, todo o dia a mãe de Joãozinho oferecia um chocolate quente ou algo para comer. Joãozinho bebia ou comia o mais rápido que podia com seu corpo
demonstrando óbvia ansiedade e pulava da cadeira correndo para o seu quarto
se trancando em seu mundinho. No seu quarto se cobria na cama de baixo de um
beliche e olhava para o estrado da cama de cima, na qual seu irmão dormia, como se estivesse vendo o Arthur.
Daí então conversava até adormecer.
Joãozinho era um menino muito querido pelos adultos. Tinha
uma percepção do mundo que não se via em toda a criança. Era esperto adorava matemática,
mas sem perceber perdia conexão com a realidade. Por isso não se sentia uma criança
normal. Não conseguia fazer parte de um grupo. Sempre ficava isolado dos seus
colegas pois em seu mundo, o que acontecia era melhor do que falar de futebol ou
brincar de bolinha de gude.
Quando voltava para casa, conversava de tudo com Arthur.
Falava que encontrou com fulano que disse isso e que respondeu aquilo. Que estava
apaixonado por uma amiguinha da escola e que achava que ela também gostava
dele. Porem isso tudo era criação da sua imaginação. Joãozinho criava um mundo
dentro de sua cabeça no qual ele soubesse que não ficaria triste. E Arthur era
o único a concordar com tudo que dissesse. As vezes até brigavam, mas o pequeno
João sempre ganhava.
Joãozinho, por mais que quisesse conversar com seu amigo, pois se sentia sozinho nesse
mundo. Viu que aos poucos Arthur não ia mais vê-lo. Chegou o momento em que percebeu
que estava crescendo e decidiu se despedir de Arthur. Pois agora teria que
viver no mundo dos adultos.
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